The York Rite of Freemasonry. A History and Handbook by Frederick G. Speidel. Part III – The Council of Royal and Select Masters, 40-51. Oxford, N.C. : Press of Oxford Orphanage, 1978.

The Crosses and the Sword
July 2, 2019

The York Rite of Freemasonry. A History and Handbook by Frederick G. Speidel. Part III – The Council of Royal and Select Masters, 40-51. Oxford, N.C. : Press of Oxford Orphanage, 1978.

The history of Freemasonry in the United States of America had an unusual beginning. Imported from Europe – England, Scotland, Ireland, France, and Germany – Freemasonry quickly became one of the most important colonial organizations.

“In the generation of the [American] revolution, Freemasonry’s ability to incorporate the different cultural demands of the time gave it enormous power.” (1)

Remaining, during the revolution, an exclusive organization, irony of ironies, it was in the post-revolution, that it suffered several attacks motivated by its elitism, at a time when it rightly begins to expand its membership base, to the middle class.

The public protest against the kidnapping, by Masons, in Canandaigua, New York, of William Morgan, who, in 1826, was publishing, in New York, an edition of several Masonic Rituals (2), even leads to the creation, in American politics, of a “third party”, the Anti-Masonic Party, believing that William Morgan had been kidnapped and murdered due to a Masonic conspiracy.

In 1826, William Morgan, published in New York, an edition of several Masonic Rituals.(2) Later, kidnapped by Masons, in Canandaigua, New York, he disappeared. It was believed at the time that he had been murdered due to a Masonic conspiracy. Public outcry led to the creation in American politics of a “third party,” the Anti-Masonic Party.

Consequently, by 1830, Freemasonry in the United States was dead, or at least, in most states, asleep. Like Pompeii after Vesuvius, almost everything related to Freemasonry was destroyed by the eruption of anti-Masonry. Only after 1840 would the fraternity begin to recover from this almost fatal blow.

Thus, we can frame the early period of American Freemasonry between two events: on the one hand, the opening of the first Lodge around 1730, on the other hand, the near destruction of Freemasonry in 1830. During this period Freemasonry grew and evolved in the United States, mainly through the importation of rites and degrees. However, the “innovations” that occurred were “only” refinements, not the construction of degrees. American Masons seemed well aware that their fraternity was a European creation, and looked to the European continent as the source and origin of all that was regular in Freemasonry. Evidence for some creativity in American ritual work during this period is few.

 

1730: The Beginning of American Freemasonry

The first reference to Freemasonry, like many Masonic events, has no precise date. Jonathan Belcher (1681-1757) – made a Freemason in London ca. 1704 – a native of Cambridge, Massachusetts, later Governor of the Massachusetts and New Hampshire Colonies (1730-41) and the New Jersey Colony (1747-57), is one of the few known Masons who joined the order before 1717.(3) It is possible that Jonathan Belcher organized private Lodges at his residence before 1717, or that Charter Lodges even arose, however no record has come down to us. On June 5, 1730, the First Grand Lodge appointed Coxe (1673-1739), Provincial Grand Master for New York, New Jersey, and Pennsylvania, giving the first Masonic recognition to the English colonies. However, although Brother Coxe lived in New Jersey from 1731 to 1739, he does not appear to have actually exercised his authority.(4) The Grand Lodge of Pennsylvania has a book marked “Liber B” that contains the register of the oldest Pennsylvania and American lodges, the first record of which is dated June 24, 1731, the month Benjamin Franklin (1705-1790) enters by paying his fee five months back. A fact which implies Lodge activity at least as early as December 1730 or January 1731.(5)

Muito embora existam alguns comentários sugestivos nos jornais, não existem registos anteriores nos Estados Unidos. (6) Estamos, por isso, seguros em estabelecer o ano de 1730 como a data para o princípio da Maçonaria Americana. (7) Antes de 1730 podem ter sido realizadas diversas reuniões maçónicas, mas não foram registadas, depois de 1730 a actividade aumentou rapidamente e está bem documentada.

À medida que avançamos na História, a partir do ano de 1730, assistimos a uma presença maçónica crescente nas colónias inglesas. A primeira Loja, em Boston, foi constituída a 30 de julho de 1733, na casa de Edward Lutwych, uma pousada em, Sign of the Bunch of Grapes, King Street. Em 1736, a Loja Salomon No. 1, de Charleston, Carolina do Sul, realizou a sua primeira reunião. Em 1738, existem algumas evidências da existência de actividade maçónica em Savannah, Georgia e na cidade de New York. Em 1739 teve lugar o primeiro encontro de uma Loja em Portsmouth, New Hampshire. Depois de Daniel Coxe, no período que vai de 1733 a 1787, foram nomeados diversos Grão Mestres Provinciais adicionais: vinte e dois pelos modernos, seis pelos antigos e quatro pela Escócia.

A maioria das Lojas Americanas teve a sua origem numa das Grandes Lojas Britânicas – Inglaterra, Escócia e Irlanda, muito embora a Alemanha, a França e outras Grandes Lojas tenham também emitido Cartas Patentes. As Lojas Militares Britânicas, e as viagens que os seus membros realizavam, por força da sua condição, espalharam a Maçonaria através de grande parte da América do Norte, iniciando civis nas cidades onde estavam estacionadas. Importada da Inglaterra foi também a rivalidade entre a Grande Loja dos Antigos e a Grande Loja dos Modernos, levando a que muitos estados tivessem Grandes Lojas concorrentes. Após a União, em 1813, em Londres, das duas Grandes Lojas Inglesas, muitas delas, eventualmente, fundiram-se, embora a Carolina do Sul não visse a unidade maçónica senão em 1817. Os Maçons Modernos tendiam a ser conservadores na promoção da fraternidade, da prosperidade e legalistas, enquanto que os Maçons Antigos eram, por vezes, agressivos e revolucionários, na expansão das suas Lojas, sobretudo na classe trabalhadora. Após a Revolução Americana, a Maçonaria, nos Estados Unidos, era sobretudo Antiga na sua organização e prática.

 

Loja Africana No. 459 (“Prince Hall”)

Em 1775, John Batt realizou, em Boston, a iniciação de quinze Afro-Americanos livres. Batt foi Sargento no 38º Regimento de Infantaria do Exército Britânico e Mestre da Loja No. 441, sob a Constituição Irlandesa. Quando o Regimento e a Loja partiram, em 1776, os quinze novos Maçons ficaram com permissão para se encontrarem, caminhar no dia de São João e enterrar os seus mortos, mas não de fazer novos Maçons. Estes, por sua vez, dirigiram um pedido à Grande Loja dos Modernos para a emissão de uma Carta Patente. Em 29 de setembro de 1784, a carta foi emitida, com o nome de African Lodge, No. 459. Prince Hall foi o seu primeiro Mestre. (8)

Em 1792, aquando da formação da Grande Loja do Massachusetts, a African Lodge No. 459 não se juntou, permanecendo anexa à Inglaterra. Facto que pode derivar da lealdade à Primeira Grande Loja ou ao racismo da recém-formada Grande Loja. No entanto, a Grande Loja do Massachusetts também não reconheceu a St. Andrews Lodge, que tinha uma Carta Patente escocesa. (9) Há evidências de que Maçons “brancos” visitaram a African Lodge No. 459 e que a Inglaterra dependia de Prince Hall para obter informações sobre as Lojas de Boston. (10 ) Em qualquer caso, a African Lodge continuou a sua existência, em separado, até 1813, quando todas as outras Lojas americanas com Carta Patente inglesa foram eliminadas da lista da recém-formada United Grand Lodge of England. Deste modo, em 1827, os oficiais da African Lodge No. 459 declararam-se independentes e constituíram-se como uma Grande Loja. A partir destas origens, cresceu a organização maçónica paralela conhecida, hoje, como “Maçonaria Prince Hall”.

 

A Influência dos Masonic Lectures Itinerantes 

As primeiras formas de ritual Maçónico, nos Estados Unidos, são ainda menos conhecidas que as de Inglaterra e França. Não temos o grande número de documentos do século 18 – constituições góticas, catecismos manuscritos, auxiliares de memória – que podemos encontrar na Europa. Presumivelmente, os primeiros rituais foram transmitidos boca-a-boca, e as Lojas podem ter padronizado as suas cerimónias após algumas edições, importadas ou impressas, no mercado interno. A primeira edição americana sobre a Maçonaria, aconteceu em 1730, quando Benjamin Franklin publica, The Mystery of Freemasonry, no entanto, não parece ter existido nenhuma edição de práticas rituais americanas até ao período anti-maçónico, ca. 1826-1840.

Perante uma tão grande diversidade de fontes rituais, o trabalho nas Lojas Maçónicas Americanas deve ter sido bastante matizado durante os anos de 1700. Fenómeno que começou a mudar, em 1797, quando Thomas Smith Webb (1771-1819) publicou, The Freemason’s Monitor ou Illustrations of Masonry. É reconhecido que “as observações sobre os três primeiros graus são muitas delas retiradas das” Illustrations of Masonry” de Preston, com algumas alterações necessárias para os tornar “agradáveis ao modo de trabalhar na América “.(11) Por exemplo, na cerimónia da pedra angular, Preston afirma: “Nenhum membro privado, ou oficial inferior de uma Loja privada, pode participar na cerimónia.” Webb é muito mais democrático e permite a participação de “oficiais e membros de Lojas privadas de uma forma conveniente.“(12)

Webb foi o primeiro e mais proeminente de vários “Masonic Lectures” que visitaram o país ensinando o ritual, de uma forma uniforme, às Lojas, Capítulos e a qualquer outro corpo que estivesse disposto a pagar as suas taxas. Estes Lecturer’s frequentemente possuíam “graus paralelos” disponíveis para venda ou mesmo como oferta. Webb treinou Jeremy Ladd Cross (1783-1861) que sucedeu a Webb como principal ritualista reconhecido. O grande contributo de Cross foi a publicação, em 1819, The True Masonic Chart ou Hieroglyphic Monitor. Constituído em grande parte pelo Monitor de Webb, com algumas pequenas mudanças textuais e uma grande adição visual: quarenta e duas páginas de gravuras do Ir. Amos Doolittle.

As gravuras de Doolittle fizeram mais do que ilustrar o texto de Cross, forneceram aos estudiosos um mapa de memória para a aprendizagem do ritual. Cada imagem era um marco nas palestras. Ao associar uma imagem a uma parcela do ritual, era possível rever mentalmente uma palestra inteira através do desfolhar de algumas páginas do texto de Cross. O livro foi muito bem sucedido e influenciou quase todas as ilustrações em quase todos os monitores maçónicos americanos subsequentes.

Outros Masonic Lectures, casos de John Barney (1780-1847), James Cushman (1776-1829), David Vinton (D. 1833) e John Snow (1780-1852), treinados por, ou com, Webb e Cross, pareciam concentrar-se em locais diferentes do país, seguindo uma fórmula muito semelhante à que os vendedores usavam para definir os seus territórios. Apesar de alguma cooperação entre os “Lectures”, o facto é que entre eles existia também alguma, bastante, competição. Estes “Lectures”, com a ajuda do texto de Cross’s e livros similares, ajudaram a padronizar os rituais e a espalhar as cerimónias, como, por exemplo, os graus de Mestre Real e Mestre Escolhido.

 

O Arco Real 

O primeiro “alto grau” a aparecer na América foi o grau do Arco Real. De facto, o primeiro registo da conferência deste grau ocorreu em dezembro de 1753, na Fredericksburg Lodge, na Virgínia, onde George Washington (1731-1799), em 1752, foi iniciado no grau de Aprendiz. O ritual do Arco Real americano baseia-se na história de Jeshua, Zerrubabel e Haggai e a reconstrução do segundo Templo em Jerusalém. O grau começou a espalhar-se de uma forma continua em todas as colónias: 

  • 1758— organização do Capítulo Jerusalém, em Philadelphia;

  • 1769— organização do Capítulo Andrew’s, em Boston;

  • 1790— organização do Capítulo Cyrus, em Newburyport, Massachusetts;

  • 1792— organização de um Capítulo em Charleston, Carolina do Sul;

  • 1794— organização do Capítulo Harmonia, em

Apesar da existência, sem dúvida, de outros graus e capítulos não registados ou esquecidos, em 1795, é formado, na Pennsylvania, o Primeiro Grande Capítulo, e, em 1797, é criada a primeira organização nacional americana: o General Grand Chapter of the New England States, que hoje é o General Grand Chapter Royal Arch Masons, International. Grandes Capítulos adicionais seguiram-se rapidamente no Massachusetts, Connecticut, New York e Rhode Island em 1798. Em 1830, existiam vinte e um Grandes Capítulos nos Estados Unidos. (13)

A conferência inicial do grau do Arco Real parecia estar baseada na autoridade inerente à Carta de uma Loja. Facto que não surpreende, uma vez que, provavelmente, as Lojas Antigas viam nas suas Cartas, a autoridade para a conferência deste alto grau. O Capitulo do Arco Real nos Estados Unidos, em contraste com os seus homólogos ingleses, rapidamente, se organizou em Grandes Capítulos estaduais e, com a excepção da Pensilvânia e da Virgínia, rapidamente, todos se colocaram sob a autoridade do General Grand Chapter. Essa forma federal de governo maçónico era paralela ao governo federal adoptado na Constituição dos Estados Unidos, em 1789.

É digno de nota um facto divertido da Maçonaria Americana do Arco Real: o oficial que preside não é o Rei, representando Zerubabel, mas o Sumo Sacerdote, representando Jeshua. A explicação geralmente aceite é que os patriotas Americanos não podiam suportar que um “Rei” presidisse, mesmo que fosse num contexto maçónico. Assim, os oficiais de um Capítulo do Arco Real foram reorganizados para dar a posição de presidente do Capitulo ao Sumo Sacerdote.

Como as Lojas tinham um “chair degree“, o grau de Antigo Venerável Mestre, fazia sentido que o Arco Real também tivesse um, deste modo surgiu a Ordem dos Sumo Sacerdotes. Este facto não é mencionado no monitor de 1796 de Webb, mas está na edição de 1802, assim como no texto de Cross, em 1819. Geralmente é conferido aos Sumo Sacerdotes antes de assumirem a Cadeira do Oriente de Salomão. O grau, ainda trabalhado hoje em dia, pode ter tido antepassados europeus, mas a sua genealogia é incerta. É também conhecido como a Ordem de Melchizedek, existindo uma referência à sua conferência no Massachusetts, em 1789. No entanto, não é certo que estes graus estejam ligados por qualquer coisa para além dos nomes. 

 

O crescimento dos graus Capitulares 

Em Inglaterra, o grau do Arco Real, assim como nos Estados Unidos, só pode ser conferido a Antigos Veneráveis Mestres. Contudo, a prática americana exigiu rapidamente a conferência do “chair degree” para qualificar os candidatos como “Antigos Mestres Virtuais”. O grau do Capítulo parecia conter os elementos essenciais do grau de Loja, mas ao candidato eram dados diversos ensaios humorísticos e muitas tribulações para suportar. O primeiro registo do grau de Mestre de Marca data de 1783, num Capítulo do Arco Real, em Middleton, Connecticut. Logo, o grau de Marca foi adoptado pelos Capítulos do Arco Real como o primeiro na sequência dos graus. Isto contrasta com a maioria das jurisdições europeias onde o grau de Marca é independente e controlado pela Grande Loja.

O grau de Muito Excelente Mestre, um grau exclusivamente americano, na sua origem, apareceu pela primeira vez, em 1783, no Capítulo Middleton, em conjunto com o grau de Marca. A sua lenda gira em torno da conclusão do Templo de Salomão e da colocação da pedra angular no Arco Real. Pode conter elementos de graus europeus mais antigos, mas a sua organização actual é exclusiva dos Estados Unidos. Thomas Smith Webb publicou uma descrição deste título, no seu monitor de 1797, como o terceiro de três graus que levam ao Arco Real, e permaneceu nesse lugar até hoje. A sequência de graus conferidos nos Capítulos Americanos do Arco Real desde então (excepto a Virgínia e West Virgínia) é :

  1. Maçom Mestre de Marca,

  2. Antigo Mestre,

  3. Muito Excelente Mestre,

  4. Maçom do Arco Real,

  5. Ordem dos Sumo Sacerdotes para os Sumo Sacerdotes.

 

Os graus Crípticos 

Os graus de Mestre Real e Mestre Escolhido parecem ter a sua origem em graus secundários disponíveis de Masonic Lectures itinerantes. São conhecidos colectivamente como “Graus Crípticos” ou “Rito Críptico” uma vez que a sua lenda trata da abóbada secreta ou cripta por baixo do Templo do Rei Salomão. O grau de Mestre Escolhido foi conferido em Charleston, S.C., em 1783, e o grau de Mestre Real, na cidade de New York, em 1804. Em 1810, os graus ficaram permanentemente associados, com a formação do Columbia Grand Council of Royal and Select Masters – apesar da palavra “Grande” fazer parte do nome deste Conselho, este corpo ritual era local -, em New York. (14)

Cross incluiu, em 1819, este dois graus no seu popular monitor ilustrado, produzindo um sistema de nove graus, que vai desde o grau de Aprendiz até ao grau de Mestre Escolhido. Os graus eram, por vezes, conferidos nos Capítulos do Arco Real, mas rapidamente emergiram como um Corpo Maçónico independente, governado por um Grande Conselho de Mestres Reais e Escolhidos Estadual e um General Grand Council Nacional. Os Conselhos mais antigos foram formados em:

1810—New York,

1815—New Hampshire,

1817—Massachusetts, Virginia, e no Vermont,

1818—Rhode Island e Connecticut.

Em 1830 existiam Grandes Conselhos em dez estados. Sob a influência do texto de Cross e de outros monitores, o grau de Mestre Escolhido acabou por ser visto como um grau que culminava a “Antiga Maçonaria”, mesmo se os Conselhos existissem apenas em algumas áreas metropolitanas e os seus graus apenas estivessem disponíveis para alguns. Este é provavelmente o início do “York Rite” Americano, consistindo num Capitulo de Maçons do Arco Real, um Conselho de Mestres Reais e Escolhidos e uma Comenda de Cavaleiros Templários.

 

Cavaleiros Templários e o “York Rite” Americano.

A primeira referência a um grau Templário Maçónico é encontrada nas Actas da St. Andrews Lodge, Boston, uma Loja Antiga, quando em 9 de abril de 1769, William Davis recebeu os graus de Excelente, Super Excelente, Arco Real e Cavaleiro Templário. Existe, em South Caroline, um selo datado de 1780, Maryland tem um diploma Templário datado de 1782 e New York tem um registo do grau em 1783. No entanto, a primeira Comenda (Encampment ou Priorado) foi estabelecido em Colchester, Connecticut, em 1796, e recebeu, eventualmente, uma Carta Patente de Inglaterra, em 1803. (15)

Hoje, na América, uma Comenda de Cavaleiros Templários confere a Ordem da Cruz Vermelha, a Ordem de Malta e a Ordem do Templo a Maçons Cristãos. Em 1816, a Ordem de Malta foi colocada como o último grau da Comenda até 1916, quando regressou ao segundo lugar na sequência de graus de uma Comenda. A lenda da Cruz Vermelha é semelhante à lenda dos graus 15 e 16 do Rito Escocês Antigo e Aceite, Cavaleiro do Oriente e Príncipe de Jerusalém, detalhando o retorno de Zorobabel da Babilónia a Jerusalém para a reconstrução do Templo. Conta uma história interessante e fornece um fundo importante na compreensão das Lendas do Templo Maçónico, mas está completamente fora de lugar entre as ordens cavaleirescas cristãs. No entanto, continua e permanece uma parte importante das lendas do Rito de York.

Em conjunto, uma Loja, um Capítulo do Arco Real, um Conselho de Mestres Reais e Escolhidos e uma Comenda de Cavaleiros Templários formam o “York Rite” Americano. O nome é inexato porque os graus não se originaram em York, Inglaterra, mas, novamente, o Rito Escocês também não é originário da Escócia. As Lojas foram muito difundidas nos estados, os Capítulos encontravam-se sobretudo nas maiores cidades, as Comendas eram menos comuns. A ampla base do “York Rite” e o seu governo democrático tornaram-no muito popular nos Estados Unidos. Reflectindo a crença generalizada de que o “York Rite” era a forma mais pura e antiga de Maçonaria, algumas Grandes Lojas Americanas originalmente denominavam-se “Ancient York Masons” (A.Y.M.).

 

O Rito Escocês Antigo e Aceite 

O acontecimento mais notável relativamente a um alto grau nos Estados Unidos ocorreu a 31 de maio de 1801 quando John Mitchell (ca.1741-1816) elevou Frederick Dalcho (1770-1835) ao 33º grau, elevando de seguida mais sete Maçons ao 33º grau até existir um número constitucional para a abertura de um Supremo Conselho. As suas acções foram anunciadas ao mundo numa circular datada de 4 de dezembro de 1802. A abertura do primeiro Supremo Conselho do 33º grau foi precedida de uma considerável actividade “escocesa”.

Etienne Morin (1693? -1771) recebeu, em 1761, a autoridade de Paris ou Bordeaux, para promover a Maçonaria em todo o mundo. Isso incluiu a propagação de um rito de vinte e cinco graus, conhecido, às vezes, como Rito de Perfeição. Morin mudou-se para San Domingo, onde nomeou pouco depois seis Inspectores-Gerais. (16) O mais bem-sucedido foi Henry Andrew Francken (d. 1795), de quem descendem cinquenta e dois Inspectores, embora ele próprio apenas tenha nomeado seis. Após a chegada de Morin à América, os corpos de rito estabeleceram-se rapidamente:

1764 – Loge de Parfaits de Écosse, New Orleans, Louisiana;

1767 – The Ineffable Lodge of Perfection, Albany, New York;

1781 – Lodge of Perfection, Philadelphia, Pennsylvania;

1783 – Lodge of Perfection, Charleston, South Carolina;

1788 – Grand Council, Princes of Jerusalem, Charleston, South Carolina;

1791 – King Solomon’s Lodge of Perfection, Martha’s Vineyard, Massachusetts;

1792 – Lodge of Perfection, Baltimore, Maryland;

1797 – Sublime Grand Council, Princes of the Royal Secret, Charleston, South Carolina;

1797 – La Triple Union, Chapter of Rose Croix, New York. (17)

Os Inspectores propagaram os graus deste rito com muito pouca organização, na maioria das vezes pelo valor das taxas que conseguiam negociar. O motto do Supremo Conselho, Ordo ab Chao, é de facto apropriado para a situação. O monitor de Webb possuía instrucções para os graus inefáveis, que serviram para alertar os Maçons Americanos que existia mais do que o York Rite. Assim, quando o Supremo Conselho “Mãe” foi formado, em 1801, não operou no vazio.

Em agosto de 1806, Antoine Bideaud, membro do Supremo Conselho das “French West India Islands”, visitou a cidade de New York e encontrou a oportunidade de ganhar um dinheiro extra. Conferindo os graus do Rito Escocês a quatro Maçons por US $ 46, criou um “Sublime Grande Consistório, 30°, 31° e 32°”. A autoridade de Bideaud era apenas para as ilhas e, certamente, não se estendia a New York, que estava sob a jurisdição do Supremo Conselho de Charleston. (18)

Na cidade de New York, em outubro de 1807, Joseph Cerneau (d.1827?), um joelheiro de Cuba, constituiu um “Sovereign Grand Consistory of Sublime Princes of the Royal Secret.” Cerneau era “Deputy Grand Inspector, for the Northern part of the Island of Cuba” do rito de Morin. No entanto, a sua patente era limitada à conferência do grau 4º ao grau 24º, aos Oficiais de Loja, e do grau 25º, uma vez por ano. Os registos são vagos e não é possível determinar se os membros originais do Consistório de Cerneau possuíam o grau 25º ou o grau 32º. Com ainda menos autoridade do que Bideau, Cerneau fez também a introdução de altos graus da Maçonaria em New York.

A organização de Bideaud foi “curada” por Emmanuel de la Motta, Grande Tesoureiro do Supremo Conselho “Mãe”, em 24 de dezembro de 1813. Este grupo assumiu o controle daquela que é hoje conhecida como Norhern Masonic Jurisdiction. O Consistório de Cerneau ignorou as acções de  Motta, mas decidiu que eles deveriam expandir os seus graus para trinta e três para “acompanhar a concorrência”. Finalmente reivindicaram a jurisdição sobre os “Estados Unidos, os seus territórios e dependências”. Assim, em 1830 havia três Supremos Conselhos concorrentes nos Estados Unidos. Todos os três ficaram adormecidos durante o período anti-Maçónico.

 

Graus “Paralelos” 

A última categoria de graus anteriores a 1830 são os “graus paralelos”, conferidos em circunstâncias irregulares e com muito pouca autoridade formal. Eram, por vezes, comunicados por “Lectures” itinerantes, às vezes por Maçons que possuíam o grau, às vezes por uma taxa e às vezes de graça. Alguns desses graus poderiam ter derivado num rito se a anti-Maçonaria não os tivesse esmagado. Existe pouca informação sobre eles, a maioria das vezes pouco mais do que um título mencionado de passagem. Uma pesquisa em todas as actas das Lojas Americanas antes de 1830 pode fornecer mais alguns nomes, mas provavelmente mais nenhum ritual.

Alguma da informação, sobre estes “graus Paralelos”, deriva de duas publicações do período anti-maçónico, uma de David Barnard, Light on Masonry, publicada em 1829 e outra, de Avery Allyn, A Ritual of Freemasonry, publicada em 1831. Os autores pareciam, originalmente, estar motivados a “salvar” o público americano, expondo os “males” da Maçonaria. No entanto, o interesse geral na Maçonaria foi estimulado pela conferência pública dos títulos por grupos anti-maçónicos. Este interesse, por sua vez, aumentou a demanda de publicações, especialmente aquelas com senhas e toques. Bernard agradeceu a demanda, acrescentando o trabalho secreto do Thuileur de Delaunaye, sem considerar se correspondia ou não aos graus americanos que ele descreveu. (20) É difícil saber se os graus descritos foram amplamente trabalhados ou não foram trabalhados de forma alguma. Desses muitos graus, apenas o das Heroines of Jericho parece ser um original Americano. Sobreviveu e é trabalhado hoje por Maçons das Lojas Prince Hall.

Outra fonte para história dos “graus paralelos” anteriores a 1830 são uma série de artigos de jornal, “Recollections of a Masonic Veteran“, de Robert Benjamin Folger (1803-1892), publicados em 1873-74. Esses artigos descrevem os seus cinquenta anos na Maçonaria com alguns comentários sobre os graus paralelos. Finalmente, existem também algumas evidências que a Lodge No. 498, Zorobabel, na cidade de New York, trabalhou no Rito Escocês Rectificado e poderá ter conferido o quarto grau, Mestre Escocês. (21)

Graus Maçónicos Americanos Paralelos pré-1830

Knight of the Christian Mark, Bernard, Allyn

Knight of the Holy Sepulchre, Bernard, Allyn

Holy and Thrice Illustrious Order of the Cross, Bernard, Allyn

Knight of the Three Kings, Allyn

Knight of Constantinople, Allyn, Folger

Secret Monitor Allyn, Folger

Ark and Dove (RAM’s only), Allyn

Mediterranean Pass, Folger

Knight of the Round Table (fun degree), Folger

Aaron’s Band (similar to High Priesthood), Folger

Master Mason’s Daughter (for women), Folger

True Kindred (for women), Folger

Heroine of Jericho (RAM’s, wives and widows), Allyn

 

1830: O fim da Primeira Era da Maçonaria Americana 

Em março de 1826, um Maçom de New York, chamado William Morgan, começou a planear a publicação de “Secrets of Freemasonry“. Este facto criou bastante agitação na sua pequena cidade de Batavia, New York. Nem Morgan, nem os seus potenciais leitores, nem a Loja local pareciam conscientes de que os rituais estavam publicados e disponíveis nos Estados Unidos desde pelo menos 1730, quando Benjamin Franklin republicou “The Mystery of Freemasonry”.

Os Maçons tentaram comprar o manuscrito do editor de Morgan, David Miller, um ex-Aprendiz Maçom. Quando isso falhou, a empresa de impressão de Miller foi incendiada duas vezes, presumivelmente por Maçons, muito embora, exista quem afirme que tudo não passou de um golpe de publicidade de Miller.

Morgan, alguém com poucos recursos e frequentemente endividado, foi preso em Canandaigua, New York, por uma dívida de US $ 2,00 atribuída a Nicholas G. Chesbro, Mestre da Loja em Canandaigua. No dia seguinte, 12 de setembro de 1826, Chesbro apareceu na prisão com vários outros maçons e desistiu da sua queixa contra Morgan. Escoltado à porta da prisão, Morgan onde entrou numa carruagem que estava á sua espera. No entanto, antes de entrar na carruagem, Morgan terá sido ouvido a chorar e a gritar durante uma escaramuça “Ajuda! Assassinos!“. De seguida, foi conduzido até ao Condado de Niagara, no Norte, e mantido na antiga revista Powder Magazine em Ft. Niágara até ao dia 19 de setembro. Depois disso, Morgan nunca mais foi visto. (22)

O sequestro, desaparecimento, e o presumível assassinato de Morgan provocaram uma crise social e política nos Estados Unidos. Muitos acreditavam que a Maçonaria era um poder secreto por trás do governo, frustrando a vontade do povo e assassinando aqueles que ousavam atravessar-se à sua frente. Líderes religiosos denunciaram a fraternidade como anti-cristã. Logo, o medo da Maçonaria manifestou-se na criação de um “terceiro partido” na política americana: o Partido Anti-Maçónico. O partido atraiu reformadores, abolicionistas e idealistas, mas o objetivo principal era a destruição da Maçonaria e de outras “sociedades secretas”. De ca.1826 a 1840, o movimento anti-maçónico varreu o país, destruidor em alguns lugares, completamente despercebido noutros. Em 1826, New York tinha 480 Lojas, em 1835, apenas existiam 75. A Grande Loja do Vermont diminuiu o seu número de Lojas de tal forma até ao ponto em que apenas o Grão Mestre, o Grande Secretário e o Grande Tesoureiro participaram na Grande Loja. Os Supremos Conselhos do Rito Escocês estavam adormecidos. Os estados do Nordeste, onde a Maçonaria estava mais próspera, suportaram a pior destruição, no entanto, poucas partes do país foram poupadas. No momento em que o Partido Anti-Maçónico colapsou como uma força política, em 1840, a Maçonaria começou a ressurgir, muito embora como uma organização mais conservadora e orientada religiosamente.

Bro. S. BRENT MORRIS, 33° G.C.
1998 Blue Friar Lecture
 

BIBLIOGRAFIA 

Allyn, Avery,
__A Ritual of Freemasonry. Boston: John Marsh and Co., 1831.
Baynard, Samuel H., Jr.
__History of the Supreme Council, 33°. 2 vols. Boston: Supreme Council, 33°, N.M.J., 1938.
Bernard, David,
__Light on Masonry. Utica, N.Y.: William Williams, 1829.
Bullock, Steven C.,
__Revolutionary Brotherhood. Chapel Hill and London: University of North Carolina Press, 1996.
Coil, Henry W. et al.,
__Coil’s Masonic Encyclopedia. New York: Macoy Masonic Publishing and Supply Co., Inc., 1961.
Crockett, David, 
__First American Born. Bowie, Md.: Heritage Books, Inc., 1992.
Folger, Robert Benjamin, S. Brent Morris, ed., 
__Recollections of a Masonic Veteran. Bloomington, Ill.: Masonic Book Club, 1995.
Johnson, Melvin M., 
__The Beginnings of Freemasonry in America. Kingsport, Tenn.: Southern Publishers, Inc., 1924.
Morgan, William, 
__Illustrations of Masonry. Batavia, N.Y.: David Miller, 1826.
Morris, S. Brent, 
__Cornerstones of Freedom. Washington: Supreme Council, 33°, S.J., 1993.
__The Folger Manuscript. Bloomington, Ill.: Masonic Book Club, 1993.
Voorhis, Harold van Buren, 
__The Story of the Scottish Rite of Freemasonry. New York: Press of Henry Emmerson, 1965.
Walgren, Kent, 
__“An Historical Sketch of Pre-1851 Louisiana Scottish Rite Masonry,” Heredom, vol. 4, 1995, pp. 189–206.
Walkes, Joseph A. Black, 
__Square and Compass. 3rd printing. Ft. Leavenworth, Kans.: Walkes Book Co., 1980.
Webb, Thomas Smith, 
__The Freemason’s Monitor or Illustrations of Masonry. New and improved ed. Salem, Mass.: John D. Cushing, 1821.
Wesley, Charles H, 
__Prince Hall: Life and Legacy, 2nd ed. Washington: United Supreme Council, 33°, S.J., P.H.A., 1983.
 

NOTAS 

  1. Steven C. Bullock, Revolutionary Brotherhood (Chapel Hill and London: University of North Carolina Press, 1996), p. 275.
  2. William Morgan, Illustrations of Masonry (Batavia, N.Y.: David Miller, 1826).
  3. David Crockett, First American Born (Bowie, Md.: Heritage Books, Inc., 1992).
  4. Henry W. Coil et al., Coil’s Masonic Encyclopedia (New York: Macoy Masonic Publishing and Supply Co., Inc., 1961), s.v. “Coxe, Daniel.”
  5. Coil, s.v. “America, Introduction of Freemasonry into.”
  6. Melvin M. Johnson, The Beginnings of Freemasonry in America (Kingsport, Tenn.: Southern Publishers, Inc., 1924).
  7. It is worth noting that Massachusetts, Virginia, and some other states have traditions of Masonic meetings earlier than Pennsylvania. To declare dogmatically that Pennsylvania is the source and origin of American Freemasonry is to run the risk of friendly but intense disagreement from other Grand Lodges.
É importante notar que no Massachusetts, Virgínia, e, em, outros estados, existia a tradição de  reuniões Maçónicas anteriores às da Pennsylvania. Declarar de uma forma dogmática que a Pennsylvania é a fonte e a origem da Maçonaria Americana é correr o risco de um desentendimento, amigável, mas intenso de outras Grandes Lojas.
  1. Charles H. Wesley, Prince Hall: Life and Legacy, 2nd ed. (Washington: United Supreme Council, 33°, S.J., P.H.A., 1983), pp. 34–35; Joseph A. Walkes, Black Square and Compass, 3rd printing (Ft. Leavenworth, Kans.: Walkes Book Co., 1980), pp. 21
  2. Charles H. Wesley, pp. 99–100.
  3. Charles H. Wesley, p. 91.
  4. Thomas Smith Webb, The Freemason’s Monitor or Illustrations of Masonry, new and improved ed. (Salem, Mass.: John D. Cushing, 1821), p. 1.
  5. S. Brent Morris, Cornerstones of Freedom (Washington: Supreme Council, 33°, S.J., 1993), p. 140.
  6. Coil, s.v. “Royal Arch Masonry.”
  7. Coil, s.v. “Rites, Masonic, II, Cryptic Rite.”
  8. Coil, s.v. “Knights Templar (Masonic).”
  9. Harold van Buren Voorhis, The Story of the Scottish Rite of Freemasonry (New York: Press of Henry Emmerson, 1965), p. 15.
  10. Kent Walgren, “An Historical Sketch of Pre-1851 Louisiana Scottish Rite Masonry,” Heredom, vol. 4, 1995, pp. 190; Samuel H. Baynard, Jr., History of the Supreme Council, 33°, 2 vols. (Boston: Supreme Council, 33°, N.M.J., 1938), pp. 97–100.

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