Mosteiro Flor da Rosa – Conselho No. 1

 

 

Mosteiro Flor da Rosa

 

Entre os séculos XIII e o XV a arquitectura das ordens religiosas e militares pode ser considerada como uma categoria à parte no quadro do gótico português – primeiro pelo papel que estas ordens desempenham no contexto da reconquista territorial e na fixação de novas populações, depois pela sua expressão sócio-política, a meio caminho entre uma vida de oração e de combate, que obrigou, internamente, à implementação de uma mística de união, da mesma forma que levou, exteriormente, à expressão de um compromisso entre a arquitectura religiosa e a arquitectura militar. Pertence a esta tipologia o conjunto constituído pelo Mosteiro de Santa Maria de Flor da Rosa, que alberga a mais importante igreja-fortaleza portuguesa

Em 1340 a sede da Ordem do Hospital mudou-se de Leça do Balio para a vila do Crato, passando o Priorado de Portugal da Ordem dos Hospitalários a chamar-se Priorado do Crato, situação que, naturalmente, contribuiu para uma valorização da vila do Crato e do próprio território envolvente.

O conjunto em que se insere a igreja-fortaleza da Flor da Rosa, nos arredores da vila do Crato, forma uma estrutura fortificada de um convento-paço disposto em torno de um pátio, depois transformado em claustro.

 

 

A igreja foi fundada por D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem dos Hospitalários (e pai do famoso Condestável, D. Nuno Álvares Pereira), sendo habitualmente assinalado o ano de 1356 como data de início das obras. No entanto, existem referências documentais anteriores que devem ser tidas em conta: a primeira é uma carta de 1340 referente ao pedido de outorgamento de D. Álvaro a D. Afonso IV para fundar uma capela dentro dos limites geográficos do Crato; a segunda um documento que menciona, já em 1351, uma reunião do cabido da Ordem na Flor da Rosa. As informações, no entanto, não são suficientemente explícitas, não se sabendo se a “capela” em questão corresponde ao atual templo – poderia ser uma construção anterior – nem que edifícios já existiriam em 1351 quando se dá a reunião do cabido. É pois razoável considerar-se a hipótese de ter havido obras na Flor da Rosa a iniciarem-se um pouco antes da data tradicionalmente aceite, mas essas obras não têm necessariamente de ter sido as da atual igreja.

Foto Igreja

O conjunto habitacional e religioso da Flor da Rosa foi edificado em dois períodos distintos: o primeiro no século XIV e o segundo já no século XVI. As obras do século XIV deverão ter começado pela definição de uma estrutura quadrangular (posteriormente transformada no actual claustro) aberta para um pátio e que consistiria, de acordo com a descrição de Fernão Lopes, numa “casa-forte”. Mas adoptando a cronologia proposta para a época esta primeira fase deverá datar de 1340. Seguidamente, numa segunda e terceira campanhas, entre 1340 e 1355 e de 1355 a 1380, ter-se-á construído a igreja e as torres defensivas. No século XVI, nas primeiras décadas e na década de 1530-1540, deram-se as adaptações de espaços anteriores a uma estrutura conventual propriamente dita.

A edificação da casa-forte, cerca de 1340, com uma estrutura cúbica, maciça, com frestas e seteiras levanta algumas questões, uma vez que “do ponto de vista tipológico, nada se assemelha a esta edificação: não existem paralelismos no território português e na mesma época”, pelo menos no que respeita à arquitectura habitacional. Com a arquitectura militar, porém, poder-se-iam estabelecer pontos de contacto, em termos de uma planta quadrada, com os castelos templários já existentes de Nisa e Alpalhão e, cerca de uma década mais tarde, com o castelo hospitalário da Amieira, mandado edificar pelo próprio D. Álvaro Gonçalves Pereira entre 1350-1360. Os motivos da construção desta casa-forte, de carácter claramente militarizado, permanecem desconhecidos, podendo apenas avançar-se com a possibilidade da ligação à Ordem do Hospital e à proximidade da fronteira.

A ligação à Ordem do Hospital pode estar reforçada pela própria toponímia do local, uma vez que a palavra “rosa” poderá ser uma invocação da cidade de Rodes (rhodon em grego significa rosa), então sede internacional da ordem do Hospital. A invocação de nomes de lugares importantes ou sagrados foi comum nas ordens militares que transpunham para as suas possessões na Europa topónimos “importados” de outros territórios – exemplos dessa situação em Portugal encontram-se, entre outros, em Castelo Branco, antiga possessão templária cujo nome derivaria de Chastel Blanc na Síria e no próprio Crato [ocrate na carta de foral da vila de 1232], uma transposição do Krac dos Cavaleiros, célebre comenda e castelo dos hospitalários na Síria.

Foto Castelo Hospitalário Síria

Os objetivos subjacentes à construção da (actual) igreja são de entendimento menos complexo, embora não estejam também absolutamente esclarecidos. D. Álvaro Gonçalves Pereira faz da Flor da Rosa uma comenda e manda erguer o templo “em remimento de seos pecados”. Segundo alguns cronistas o objetivo inicial da fundação poderá ter sido a criação de um panteão familiar, o que, poderá explicar a irregularidade da planta, bem como a definição do espaço numa só nave e capela-mor. Já outros cronistas concordam que a função principal da fundação do templo foi de panteão, mas para receber “túmulos de dignitários da Ordem”. Não parecem restar dúvidas de que a igreja deveria ter uma função funerária, uma vez que os braços do transepto possuem arcossólios (num total de seis). Contudo, na ausência de documentação que esclareça a quem se destinariam (e dos próprios túmulos que parecem nunca ter chegado a existir), apenas podemos aceitar com segurança a função funerária, mas não os seus destinatários.

Para além desta possibilidade há, no entanto, que ter em conta o objetivo (fundamental) de uma forte implantação da ordem na região centro/sul do país. A escolha de uma estrutura “militarizada”, com uma conjugação de elementos que vai para lá do “mero” facies guerreiro que caracteriza a Igreja de Leça do Balio, poderá ter a ver com a localização do conjunto arquitetónico numa região de fronteira com um país onde a presença muçulmana era ainda uma realidade.

Igreja de Santa Maria de Leça do Balio

A verdade é que igreja e paço-convento surgem como um bloco compacto de semblante militar podendo a igreja ser definida “como se fosse uma torre de menagem” que sobressai no conjunto do paço, ideia que se deve em parte à integração da igreja no conjunto das torres do paço e que reforça a conceção de igreja-fortaleza. A perceção de que a igreja ostentava uma aparência mais próxima do universo militar do que do religioso, tem, aliás, vindo a ser assinalada desde há várias décadas: no Guia de Portugal escreve-se sobre o conjunto que este “lembra mais uma fortaleza que um mosteiro”, no Dicionário Corográfico de Portugal lê-se que “cabe-lhe mais o nome de castelo do que de templo. O historiador Carlos Alberto Ferreira de Almeida vai mais longe e afirma que todas as características da igreja derivam da mesma ter sido construída para ter “exteriormente a função de uma torre de menagem” (o que, apesar de tudo, parece excessivo). Nenhuma outra construção de carácter religioso (à exceção da Igreja de Terena) assume, no território, um espeto tão militarizado. Não rejeitando a hipótese de D. Álvaro Gonçalves Pereira poder ter procurado estruturar um templo com capacidade de defesa (tendo em conta a proximidade da fronteira), pensamos, contudo, que não se deve esquecer a tradição de uma arquitetura fortificada no país, da qual existiam já à data de construção da Flor da Rosa, dois exemplos importantes na região sul: a ermida de Santa Catarina de Monsaraz, edifício (provavelmente) pertencente a uma outra ordem militar, compacto, com poucas aberturas e ameado no topo; e a igreja da Boa Nova de Terena que comunga de muitas das características da Flor da Rosa. Essa tradição revestir-se-ia na Flor da Rosa de uma componente ainda mais marcante pelo facto de estarmos perante uma igreja pertencente a uma ordem militar.

Foto Capela da Senhora da Boa Nova Terena

A igreja da Flor da Rosa conjuga, deste modo, a tradição militarizada (acentuada nas ordens militares), com a vontade de uma implantação marcante numa região que passara a ser a sede da Ordem e que, para além disso, era uma região de fronteira, revestindo-se a estrutura militarizada, por um lado, de uma componente simbólica de afirmação, por outro de dissuasão e, em última análise, mesmo de último reduto (embora esta hipótese pareça mais remota).

O conjunto chegou ao século XX bastante danificado devido ao abandono sucessivo (que se verifica progressivamente após a perda da independência do reino) e a acidentes naturais (de que o terramoto de 1755 e um forte temporal em 1897 foram os mais significativos). Ainda no século XVII o arquiteto Pedro Nunes Tinoco no seu livro sobre as plantas e perfis das igrejas do Priorado do Crato descreve o estado do paço-convento da seguinte forma: “Os edifícios dos paços de Flor da Rosa estão todos danificados sem viver ninguém neles e se deve acudir à reformação deles e igreja”. E na década de vinte do século passado a descrição sobre o estado de conservação no Guia de Portugal do monumento classificava-o como “uma ruína lamentável, a que só o musgo e a hera dão ainda uma poesia melancólica”, tendo as paredes da igreja abatido em Janeiro de 1897, como consequência de um forte temporal. Apesar destas circunstâncias e de ter sido declarado monumento nacional em 1910, será apenas na década de quarenta do século XX que se irá proceder a uma recuperação sistemática do monumento, através da ação da DGEMN.

Foto Mosteiro Flor da Rosa Ruínas

A igreja de Santa Maria da Flor da Rosa possui uma planta cruciforme em cruz latina, formando o braço mais longo da cruz a nave, terminada, para lá do transepto, na capela-mor.

O acesso à igreja faz-se atualmente atravessando uma galilé e nártex que desemboca diretamente no prolongamento da nave (esta desenvolve-se para este e prolonga-se para oeste). O espaço para onde se entra é coberto por uma abóbada estrelada e sustenta o coro-alto de datação já quinhentista. Ao fundo, para oeste, encontra-se um espaço composto por dois tramos cobertos por abóbada de cruzamento de ogivas e com o chão em terra batida e que, embora surgindo no prolongamento da igreja, não fazia parte da mesma no período medieval.

Foto Igreja Mosteiro Flor da Rosa v.2.

A igreja medieval desenvolve-se para este com a sua nave única de acentuada verticalidade, cruzada pelo transepto e com a capela-mor ao fundo. A parede oeste da nave rasga-se num amplo arco quebrado que ocupa toda a dimensão da parede, sustentando a elevação da mesma até ao topo. Sob este rasga-se um segundo arco quebrado, estruturado com a função de reforçar o primeiro e que se apoia em mísulas quadradas. Ambos possuem perfil facetado e reto. O topo da parede não é uniforme: do lado sul a parede comporta no seu interior a escada em caracol de acesso à torre sineira e à cobertura da igreja. Do lado norte encontra-se recuada face ao lado sul, permitindo aligeirar o peso; possui uma janela tipo fresta, escavada em arco de volta perfeita.

O acesso medieval à igreja seria diferente do atual. Possivelmente situar-se-ia na parede sul da nave, perto do ângulo com o transepto sul, dando assim acesso direto à nave. A posterior construção da sacristia viria a entaipar ou destruir este portal de acesso medievo. A nave é abobadada com berço quebrado apoiado em arcos torais de secção reta que descarregam numa cornija. A iluminação provem de janelas tipo fresta nas paredes laterais e da já referida abertura na parede oeste.

Na parede norte abrem-se dois portais: um (perto da entrada), em arco de volta perfeita, dá acesso ao claustro; o outro, ligeiramente elevado face ao nível do solo, abre-se em arco quebrado formando uma arquivolta interna toreada assente em finos colunelos; as impostas avançam parede dentro e são ornamentadas com parras estilizadas, criando um dos poucos elementos decorativos da igreja. Sobre este arco abre-se, mais ou menos a meia altura da parede, um arco, a que corresponde do lado oposto uma porta gótica aberta numa sala no primeiro piso das dependências conventuais; a abertura deveria funcionar de forma a permitir que quem estivesse na sala pudesse assistir à liturgia.

Foto Igreja de Mosteiro Flor da Rosa v.3

A capela-mor é um espaço de dimensões reduzidas, terminando num pano reto, que forma a continuação do braço vertical da cruz. É coberta por abóbada de berço quebrado com dois arcos torais de secção reta. Recebe iluminação de duas janelas em arco perfeito de perfil moldurado, colocadas nos panos norte e sul. A parede este não possui qualquer abertura, situação assaz invulgar.

A nave da igreja é atravessada pelo transepto que se destaca de forma acentuada para lá das paredes da mesma. Ambos os braços são cobertos por abóbada de berço quebrado, com arcos torais de secção reta, num esquema igual ao da nave e cabeceira, harmonizando assim a cobertura da igreja. Apenas o cruzeiro possui um abobodamento diferente, com abóbada de cruzamento de ogivas, de secção reta e chave ao centro.

Os arcos torais descarregam numa cornija que corre ao longo de toda a igreja, sem decoração. A definição do perfil dos arcos torais e das nervuras da abóbada em secção recta encontra ecos nos modelos mendicantes, onde abóbadas e arcadas apresentam quase sistematicamente esta definição, sublinhando-se a importância, que já anteriormente assinaláramos, da arquitectura das ordens mendicantes no panorama nacional. Por outro lado, o abobodamento total do espaço da igreja afasta-se das soluções mendicantes, encontrando antes raízes na “arquitectura cisterciense”, em particular na igreja de Santa Maria de Aguiar. Também tributário da arquitectura da ordem de Cister é a planta recta da capela-mor, mais uma vez passível de comparação com a igreja cisterciense de Aguiar.

Foto Convento de Santa Maria de Aguiar

O transepto, nave e capela-mor elevam-se à mesma altura, criando uma sensação de equilíbrio espacial, mas também de verticalidade extrema, uma vez que a elevação da igreja é muito significativa – já o historiador Mário Chicó havia assinalado que a Flor da Rosa “é a mais vertical de todas as igrejas portuguesas construídas na Idade Média.

A iluminação do transepto provém das janelas abertas no topo dos braços: no cimo do pano mural encontra-se uma pequena janela tipo fresta como as da nave, e, ligeiramente mais abaixo, mas ainda ocupando uma parte da metade superior da parede, abrem-se janelas em arco de volta perfeita iguais às da capela-mor.

Em ambos os braços se abrem arcossólios (na parede este e nas paredes de topo) rasgados em arco quebrado, confirmando a função funerária associada à igreja. Não há, porém, indícios de que tenham chegado a receber os túmulos que lhes estavam destinados. Na parede oeste do braço sul abre-se, junto ao ângulo com a nave, um portal que dá passagem para a sacristia do século XVI. No braço norte abre-se, na parede de topo, um pequeno portal com comunicação para as dependências conventuais.

A fachada ocidental da igreja caracteriza-se pela peculiaridade de, na realidade, não ter uma fachada na verdadeira aceção do termo, “apenas se compreendendo a sua arquitetura em função a sua integração no todo monástico.

A fachada sul corresponde à atual entrada no conjunto do paço-convento (resultando a sua configuração provavelmente das alterações do século XVI), encontrando-se a igreja a este do núcleo habitacional. A fachada da igreja é marcada pelo braço do transepto, avançado face à nave e à cabeceira. Apresenta uma pequena fresta no corpo da nave e outra idêntica no transepto, quase junto ao beiral do telhado; sob esta, a meio do corpo do transepto, abre-se uma janela, esguia e emoldurada por duas arquivoltas; uma janela idêntica encontra-se na parede lateral da capela-mor. No ângulo oeste da nave surge, elevando-se acima do telhado, o campanário com dois vãos em arco de volta perfeita.

A fachada norte desenvolve-se de forma equivalente à fachada sul, à excepção do campanário, sobressaindo o braço do transepto face ao corpo da nave e capela e verificando-se a mesma disposição e número de aberturas.

A rematar transepto e capela-mor (à mesma altura) corre um friso de matacães dentado. Do lado sul da nave são ainda visíveis alguns matacães atestando a sua existência No seu todo contribuem para frisar o carácter militarizado e a “impressão de fortaleza (…) indelével na Igreja da Flor da Rosa.

Em finais do século passada, no ano de 1995, com projeto de João Luís Carrilho da Graça, em espaço contiguo e interligado ao Mosteiro foi inaugurada a Pousada da Flor do Crato.

Foto

Assimilando a lógica de adição por fases por que passou a preexistência, num processo orgânico que se foi desenvolvendo espiraladamente em torno de um núcleo durante as várias sucessões construtivas ao longo da sua História, a opção foi por ampliar o conjunto com mais um elemento claramente contemporâneo, seguindo essa lógica de desenvolvimento temporal intrínseca que lhe foi reconhecida.

O conhecimento da História e dos vários tempos passados do edifício permitiu que essas informações pudessem ser convertidas em matéria de projecto, na medida em que possibilitaram clarificar os diversos tempos da preexistência e assumir a nova intervenção como mais um desses tempos; a importância simbólica da preexistência como um monumento de grande significado nacional foi então acentuado pela decisão preestabelecida de desafectar da pousada os espaços da igreja, do claustro, da sala do capítulo e das restantes dependências das alas norte e oriental ao nível do primeiro piso, sendo deixados vazios de função que não seja a evocação e testemunho de si mesmo.

A adição contemporânea é feita maioritariamente fora da preexistência, deslocando-se para os espaços laterais e traseiros de modo a deixar liberto à vista a maior parte do monumento, como um remate de toda a composição, e apenas algumas salas na ala poente e no primeiro piso do edifício preexistente foram integradas enquanto parte da pousada. O mosteiro é, então, uma espécie de grande átrio da pousada, onde obrigatoriamente os visitantes se vêm confrontados com todo o peso da História durante o seu percurso desde a entrada no edifício até à recepção da pousada, numa sala adjacente ao claustro.

Companheiro M. F. M.
 
Fotografias retiradas de: 
https://www.google.pt/search?sourceid=navclient&hl=pt-PT&ie=UTF-8&rlz=1T4GGNI_pt-PTPT493PT493&q=fotos+flor+da+rosa
 
Bibliografia:   
Comendas das ordens militares: perfil nacional e inserção internacional / Luís Adão da Fonseca, Lisboa : Fronteira do Caos, 2013.
Os Castelos das ordens militares em Portugal / Isabel Cristina Ferreira Fernandes. Lisboa : DGPC, 2014.
O conjunto megalítico do Crato / Rui Jorge Zacarias ParreiraPorto : FLUP, 1996.
Igreja Vera Cruz de Marmelar / Nuno Vassalo e Silva ; Vítor Serrão. Lisboa : Página, 2006.
A Arquitectura Religiosa Gótica em Portugal no Século XIV: o tempo dos experimentalismos, / Catarina Paula Oliveira de Matos Madureira Vllamariz. Lisboa : FCUL, 2012.